A Insatisfação lhe paralisa ou lhe motiva?

By Redação

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Insatisfação lhe paralisa ou lhe motiva?

Uma Reflexão Inquietante

Desde sempre, desconfiei da modéstia nos discursos daqueles que afirmam não esperar muito da vida, satisfeitos com o que ela lhes presenteou. Frequentemente, esses pronunciamentos não passam de verborragias de pessoas desencorajadas pelo medo da frustração. Afinal, a inquietude dos que honestamente confessam suas insatisfações com o que alcançaram na vida sempre me pareceu mais genuína.

Ora, há uma insatisfação na alma de todo ser humano, uma inquietude que creio estar relacionada à nossa origem, à criação. Refiro-me ao ocorrido no famoso Jardim do Éden.

Angustia-me saber que herdei as consequências dessa inquietude por culpa de um ser rastejante, cuja natureza não compreendi bem, se perdeu as patas no desfecho das maldições ou se já se arrastava pelo Jardim desde sempre.

Atrevo-me a dizer que a obscura criatura não teria sido decisiva para nosso destino, pois certamente nossos antepassados, cedo ou tarde, movidos pela maldita curiosidade teriam desobedecido regras divinas.

Isso porque a sensação de que o ponto em que estamos não é suficiente, e que no futuro reside a condição desejada, nos caracteriza.

Sempre vemos o mundo em estado de insuficiência e buscamos preenchê-lo, transformá-lo.

Na juventude, muitos de nós presumem que a construção de um mundo ideal é possível. No entanto, o tempo, que é um bom mestre, diminui essa pretensão.

Com o tempo e a maturidade, o que nos parecia possível ganha nova dimensão, um quadro mais realista e bem mais modesto. Ainda assim, imaginamos novas formas e possibilidades que poderiam florear nossas vidas, mesmo quando tudo está razoavelmente bem.

Afinal, estamos sempre insatisfeitos e curiosos.

Uma Carência Infinita

Assim, com o passar do tempo, com o amadurecimento e, claro, com o estudo, no dizer do mestre Machado de Assis, essencial para que a alma não permaneça infantil, buscamos preencher nossas carências.

Dá-se então a mudança do estado atual para algo mais parecido com o futuro desejado, tudo para sairmos do presente deficiente e penetrarmos no que consideramos invariavelmente melhor. Então, ocorre o progresso, o desenvolvimento, o crescimento pessoal. Se esta não fosse nossa percepção, ficaríamos estacionados, não agiríamos.

Quanto mais nos aproximamos da visão desejada, mais o gosto pelo sucesso e pelos encantos dos aplausos nos enfeitiça os sentidos, ao ponto de novamente comermos do fruto proibido.

Essa não é, decerto, a lei dos que se encantam com as obras benevolentes, ou seja, em servir mais do que ser servido. Mas, decerto, é a exceção, não a regra. Afinal, a pulsão pelo egoísmo arrebata aqueles que não dedicam horas do seu dia à busca pela excelência humana.

Ocorre que é exatamente a insatisfação que pode nos fazer avançar e melhorar como seres humanos. Uma vez que sempre contrastamos o que é com o que poderia ser, precisamos focar no que pode vir a ser.

Refiro-me às suas reais possibilidades de desenvolver-se para além das barreiras do seu ser atual. Meu convite a você é construir algo inusitado em si mesmo hoje, perguntando-se se existe algo em sua vida que precisa focar para dar um novo arranjo.

Você Foca Seletivamente

É preciso focar, pois, na verdade, apenas uma parte dos nossos olhos tem capacidade para captar em alta resolução.

Assim, vemos apenas o que focamos; o resto, que é quase tudo, passa despercebido.

Em outras palavras, somos cegos para a maioria das coisas que acontecem à nossa volta e à nossa vista.

Portanto, quando a vida parece amaldiçoada, é importante descobrir como mudar o foco.

Porém, não se pode enganar suas estruturas perceptivas; é preciso ir mais a fundo. Utilizar uma estratégia é decisivo. Por exemplo, a técnica da Caracterização de Poder, do método “Como Vencer em Momentos Decisivos,” é uma ótima alternativa.

Se agrada ao leitor, abordaremos mais esse assunto em futuras reflexões.