DOIS PRINCÍPIOS QUE REGEM A VIDA – “Eu devia ter ficado mais tempo com ela. Mas o tempo em que estivemos juntos, valeu. é a única em que eu penso, as outras…” meneou a cabeça, enquanto contava – às vezes em minúcias – as experiências prazerosas vividas nas noites de Copacabana.
Paulinho, meu irmão carioca, é um jovem senhor de 54 anos, alto, sorriso maroto, não abastado, mas prazerosamente empregado como jornalista na atividade que é sua paixão: turfe. havia casado duas vezes e, ao término do segundo matrimônio, decidira não mais se casar.
Achava que o casamento era demais para ele, pois com o temperamento que tinha essa convenção estaria fadada ao insucesso.
Este pensamento parecia não entristecê-lo; era uma sentença que pronunciava como se o coração no peito não desse provas inequívocas de que não se pode bater o martelo em questões do coração.
Seus pensamentos oscilavam entre o Turfe e as belas mulheres, “coisa de louco”, sussurrava.
Aos questionamentos referentes aos cuidados com a saúde, dizia “vou contra o sistema. Não vou ao médico” confessou, ante meu olhar perplexo.
Paulinho conhecia a vida, não de ouvir falar; mas de experimentá-la. Sorria e fazia sorrir quando contava com malícia as suas muitas histórias.
Ao final de um período, exclamava – a impressão era que sua alma suspirava – já vivi demais!
Cheguei a me flagrar imaginando, num misto de curiosidade e inveja, como teria sido minha história se tivesse crescido na cidade do Rio de Janeiro; se meu coração não tivesse sido arrebatado no Planalto Central.
Homem sem ambições; ou com apenas uma: tirar a sorte grande nas apostas!
Ao turfe rendia grandes homenagens e eterna gratidão; foi na corrida de cavalos que abiscoitou sua lua de mel, com direito a viagem e tudo o mais.
Minha Reflexão sobre a viagem…
No avião de volta a Brasília fiquei relembrando suas histórias, sua falta de interesse em adotar rotina mais confortável, sua satisfação em dormir no velho sofá da sala, seu distanciamento dos avanços tecnológicos e até seu aparente descaso consigo mesmo.
Descobri que o que mais me fascinara era sua decisão, planejada ou não, se bem que é duvidoso imaginar que planejara alguma vez, de viver o agora.
Era mais uma decisão de vida do que um planejamento estratégico com metas, objetivos e análises de ambiente.
Paulinho curtia o momento, e não duvidava de que essa era a maneira que tinha de ser. Meu irmão não exigia muito da vida, julgava-se afortunado e acreditava que não merecia mais do que já tinha.
Era exatamente isso também que mais me chocara, sua decisão de colocar as comodidades acima de tudo, de não querer assumir outras responsabilidades ou de enfrentar novos desafios.
Se o caro leitor conhecesse o PG, como é chamado por alguns colegas, entenderia meu espanto.
Homem de fina inteligência e com habilidade invejável na escrita poderia oferecer seus préstimos a vários veículos de comunicação, mas, poeticamente, preferia manter-se fiel ao turfe, seu assunto exclusivo nos jornais e revistas especializados.
O que ele queria é de uma doçura quase pudica, não fosse desperdício: permanecer fidelíssimo.
Princípio nobre e desejável e de maior utilidade em relacionamentos; houvesse observado, quem sabe não haveria descasado. Vai saber!
1º Dos Princípios que Regem a Vida: FAZEMOS O QUE DÁ CERTO
Minha intenção ao contar esta história e as impressões que ela me gerou é falar de dois princípios que regem a vida.
O primeiro é que fazemos as coisas que “dão certo”.
Quero dizer que mantemos determinado comportamento embora cientes de que ele pode nos trazer conseqüências ruins.
Apesar do resultado indesejável, teimosamente insistimos no comportamento.
Às vezes a vantagem, ou o “dar certo”, é apenas sentir-se seguro por não arriscar em outros terrenos.
Outras vezes é porque não acreditamos merecer coisas melhores.
Outras tantas é para nos punirmos.
O desejável é mudar.
Para mudar o comportamento que nos boicota é preciso entender qual o “ganho”que se obtém com ele.
Em alguns casos, a gratificação é bem simples: o prazer da vantagem imediata.
Exemplo disso é quando se come desmedidamente pelo prazer da gula, e de outro lado, engorda-se os 40 quilos perdidos sacrificialmente em dieta rigorosa.
Mas o certo é que há uma saída: listar os comportamentos negativos e as vantagens que o alimentam.
2º É PRECISO PERDOAR
O segundo princípio que rege a vida é a necessidade do perdão.
É preciso perdoar os outros, mas igualmente necessário se perdoar.
Livrar-se do peso da amargura e do ressentimento.
Perdoar o pai que o abandonou.
Perdoar o amigo que não correspondeu às expectativas.
Perdoar-se por não ser o pai que queria ser.
Perdoar-se por ter desistido tão cedo.
Perdoar-se por ter amado demais ou de menos.
Mas, sobretudo, perdoar essa autora por ter se alongado tanto.
Descubra quais vantagens tem mantido o padrão dos seus comportamentos negativos e liberte-se dele.
Observe esses princípios.
Depois, perdoe-se e largue o fardo da amargura.
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