Esta manhã minha filha pegou o ônibus escolar pela primeira vez. Eu até gostava de leva-la e buscá-la, mas ela vinha pedido há dias, queria ir com os colegas. Só que hoje, depois que eu já tinha feito os devidos arranjos, ela “amarelou”. Chorou e chorou, quis desistir, preferindo a familiaridade do trajeto de carro, com papai ou mamãe.
Tentei explicar que aquele sentimento era só medo de algo desconhecido, mas que eu mesma estava tranquila, pois tinha certeza de que seria uma boa experiência. O ônibus é seguro, especial para transportar apenas crianças e apenas para aquela escola. Por fim, tive de dar a cartada de mãe e avisar que ao menos por hoje ela iria, sim, de ônibus, e que na volta conversaríamos.
Ela chorou, pediu por favor para eu repensar, mas subiu as escadinhas do ônibus amarelo e eu, apesar do coração apertado, exibi um sorriso tranquilo e acenei quando ela me procurou pela janela.
As Incertezas da Mudança
Cerca de um ano atrás minha família e eu tomamos a difícil decisão de emigrar. “Desenraizar” trouxe consigo possibilidades imensas e incertezas maiores ainda. Por um contexto bem particular, essa mudança fazia sentido para nós; e tomamos uma decisão bem planejada, com várias redes de segurança e planos B, C, D, o alfabeto inteiro.
Mesmo assim, foi difícil, deu medo, deu ansiedade, fui parar no hospital, tive crises de enxaqueca, de torcicolo, de choro, de insegurança. E o medo não tinha a ver com riscos, porque as oportunidades que se abriram à nossa frente eram excelentes e os riscos, mínimos. Era só medo do desconhecido mesmo.
O desconhecido vem carregado de “e se”s. E a verdade é que muitas vezes nós nem sabemos expressar qual “e se” nos causa insegurança.
Perguntei para minha filha várias vezes do que ela estava com medo, e dissipei cada dúvida que ela conseguiu articular. Mesmo assim, ela preferia não tentar. Porque tentar implica se expor ao fracasso, ainda que nem consigamos descrever a forma dele. Sim, o fantasma do fracasso assombra, mesmo sem contornos. E se não der certo? E se eu me arrepender? Para que mexer em time que está ganhando… ou ao menos que não está perdendo?
O Medo do Desconhecido e encarar o desafio
Além disso, “ir”, “mudar”, significa “deixar” algo. Toda mudança exige um sacrifício. Você abre mão de um lugar para estar em outro. Abre mão de tempo com amigos por mais tempo de sono. Abre mão de dormir na hora do almoço para estudar inglês. Abre mão da familiaridade de um emprego por uma promoção ou nova oportunidade de carreira. Do conforto do carro da mãe pela independência do ônibus com os amigos. Ou vice-versa.
Não é uma questão de ser uma boa troca ou não, apenas que sair do status quo envolve um abandono. E o fato é que nós até temos uma posição sobre se gostamos ou não de onde estamos, mas é muito difícil dar o passo na direção de algo que ainda não sabemos. É mais fácil, muito mais, permanecer em uma situação apenas tolerável do que se mover e encarar o novo. Mas o que acontece do outro lado?
Não posso responder por todas as mudanças já encaradas. Nem posso falar de resultados ainda, pois apesar de a decisão ter sido tomada há um ano, a mudança só se concretizou há pouco mais de um mês. Mas dentro do nosso contexto, de movimentação bem considerada, responsável, o que temos encontrado aqui do outro lado tem sido excelente. Tem exigido fé e flexibilidade, certamente. Mas tem trazido novidades extraordinárias que as grandes mudanças proporcionam.
O Encanto do Novo
E no caso do ônibus? Ela voltou saltitante, como eu sabia que aconteceria.
Com a minha filha, eu fiz meu papel de mãe, tomando por ela uma decisão que ela não tem ainda maturidade para tomar. Não permiti que o medo do simplesmente desconhecido a privasse de uma boa experiência que ela tanto desejava. Fiz isso com todas as inseguranças que envolvem todos os minutos da maternidade, mas resoluta de que era um hábito que ela precisava adquirir: o de analisar de onde vem o medo, se o espectro do fracasso não passa de truque da mente, e agarrar as oportunidades que ela mesma busca.
Espero que lá na frente, quando ela sentir isso de novo (porque vai, inúmeras vezes ainda), ela seja capaz de respirar fundo e subir a escada à sua frente.
Por Tita Ribeiro, em 2 de fevereiro de 2019.
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