Festival Consciência Negra 2024 em Brasília

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Festival Consciência Negra 2024: Uma Celebração da Cultura Afro-Brasileira e da Identidade Nacional

Na última segunda-feira, 18 de novembro de 2024, a Torre de TV em Brasília foi palco da primeira noite de apresentações do Festival Consciência Negra 2024 .

Com o objetivo de exaltar a cultura afro-brasileira e promover um espaço de reflexão e celebrar as influências negras na sociedade brasileira, o evento conta com performances de artistas renomados como Ellen Oléria , Marcelo Falcão , Nação Zumbi , além de atrações locais como Afoxé Ogum Pá , Filhos de Dona Maria e Patakori + Folha Seca .

A programação, desenvolvida por diversas entidades como as secretarias de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF) e de Justiça e Cidadania (Sejus-DF), busca fortalecer a identidade cultural do Distrito Federal e de seu povo.

A importância do evento para a comunidade local

O festival, que atrai um público expressivo, configura-se não apenas como um evento artístico, mas também como um marco simbólico para a cidade de Brasília. Ellen Oléria, uma das artistas de destaque da noite, ressaltou a importância da iniciativa, destacando a necessidade de espaços onde a cultura local possa ser celebrada e fortalecida. “A gente sai de Brasília e as pessoas não entendem muito o que é esse lugar, mas a gente que é daqui sabe, a gente sente Brasília”, afirmou Oléria, refletindo sobre a conexão emocional entre os artistas e a cidade.

Essa ideia de fortalecimento cultural ressoou também nas palavras do jornalista Paulo Matos, que, ao falar sobre a diversidade da música local, destacou a característica única de Brasília, onde a mistura de diferentes culturas se reflete na energia de suas apresentações. Ele destacou que, ao prestigiar artistas locais, é possível sentir a verdadeira essência da cidade, uma fusão de identidades que só pode ser encontrada no coração do país.

A celebração da cultura afro-brasileira

O festival também se destacou pela sua missão de resgatar e fortalecer a identidade cultural afro-brasileira. A escolha dos artistas não foi apenas um reflexo de suas conquistas individuais, mas uma forma de celebrar a riqueza de um legado que transcende o tempo. Grupos como Nação Zumbi e Marcelo Falcão trouxeram aos palcos uma energia pulsante.

Além disso, a presença de grupos locais como o Afoxé Ogum Pá e os Filhos de Dona Maria , que se dedicam a preservar as tradições culturais de matriz africana, reforça a ideia de que o festival é mais do que uma celebração da música — é uma oportunidade de reflexão sobre o papel da cultura negra na construção da identidade nacional.

A análise sob a ótica dos pensadores

Agora, se analisarmos o festival e a proposta das cotas raciais à luz dos pensamentos de Tassos Lycurgo , Jordan Peterson e Luiz Felipe Pondé , podemos refletir sobre como essas ideias podem contribuir para a discussão sobre racismo e desigualdade no Brasil.

Tassos Lycurgo e a crítica ao conceito de “racismo estrutural”

Tassos Lycurgo, conhecido por sua crítica ao conceito de “racismo estrutural”, argumenta que a ideia de que o Brasil é uma nação profundamente racista muitas vezes é fundamentada em uma narrativa culturalmente enraizada. Para Lycurgo, o foco nas diferenças raciais como uma solução para as disparidades pode, paradoxalmente, fortalecer a separação entre os grupos, em vez de promover a unidade nacional.

O festival Consciência Negra pode ser interpretado dentro dessa lógica como uma forma de celebrar a diversidade, mas também como um espaço de reafirmação das identidades separadas, ou que pode ser uma contradição à ideia de uma nação unificada.

Jordan Peterson e a importância da identidade individual

Jordan Peterson, por sua vez, traz uma perspectiva diferente sobre a identidade e as políticas de ação afirmativa.

Para o psicólogo canadense, a ênfase nas identidades grupais — como raça, por exemplo — muitas vezes desvia o foco das realizações individuais e do desenvolvimento pessoal.

O argumento de que políticas como as cotas raciais, ao priorizar a identidade grupal, podem enfraquecer a confiança das pessoas em suas próprias habilidades e capacidades, criando um ciclo de dependência em vez de autonomia.

Nesse sentido, o festival pode ser visto como uma celebração positiva da identidade cultural, mas também como um reflexo de uma sociedade que ainda luta para equilibrar a valorização das identidades individuais e coletivas.

Luiz Felipe Pondé e a crítica à vitimização

Finalmente, Luiz Felipe Pondé , com sua visão crítica da cultura contemporânea, aborda o conceito de vitimização como um dos principais obstáculos para o progresso social.

Para Pondé, o Brasil, ao enfatizar continuamente o passado de discriminação, corre o risco de manter as pessoas presas a uma narrativa de vitimização, o que pode ser prejudicial ao desenvolvimento da autoestima e ao avanço social.

O festival Consciência Negra, dentro dessa lógica, pode ser interpretado como uma tentativa de resgatar o orgulho da cultura afro-brasileira, mas também como uma oportunidade para questionar se a ênfase contínua nas diferenças raciais não alimenta, paradoxalmente, o sentimento de vitimização.

Conclusão

Em suma, o Consciência Negra 2024 é, sem dúvida, uma importante celebração da riqueza cultural afro-brasileira e uma oportunidade para refletir sobre os desafios da sociedade brasileira no que tange à desigualdade racial.

No entanto, ao analisá-lo sob as óticas dos pensadores Tassos Lycurgo , Jordan Peterson e Luiz Felipe Pondé , somos desafiados a refletir sobre as complexidades que envolvem políticas afirmativas, identidade grupal e os possíveis efeitos negativos.

O festival, assim como as políticas de cotas, oferece uma oportunidade de debate sobre como podemos construir uma sociedade mais unificada e justa, sem perder de vista a importância das conquistas individuais e da integração das diversas culturas que compõem o Brasil.

 

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