Por Que o Brasil Está Quebrando — E Quem Vai Pagar a Conta

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Por Que o Brasil Está Quebrando — E Quem Vai Pagar a Conta

De fato, vivemos um momento decisivo. A economia brasileira acumula riscos fiscais evidentes: dívida alta, juros exorbitantes e gastos públicos pouco sustentáveis. Entretanto, muitos dos discursos oficiais se apoiam em narrativas populistas, sem apresentar um plano claro e crível para resolver as raízes do problema.

1. A Armadilha Populista e o Peso da Dívida

Primeiramente, é necessário entender que o governo não está realmente “fazendo economia” para pagar a dívida. Pelo contrário, o Executivo mantém uma política de gasto elevado, antecipando dividendos políticos, mas empurrando para frente o custo real dessa expansão.

Além disso, a composição da dívida pública brasileira é extremamente vulnerável: segundo reportagem da Reuters, 62,1% da dívida federal prevista para 2025 está atrelada a títulos de curto prazo ou vinculados à Selic. (Reuters) Isso significa que, sempre que a taxa básica sobe, o custo para rolar ou pagar essa dívida dispara.

Portanto, afirmar que “o governo não toma medidas para diminuir os juros da dívida” não é exagero — essa fragilidade estrutural é resultado de escolhas políticas, e não da política monetária do Banco Central.

2. Ajuste: Mais Que Cortar Programas Sociais

Em segundo lugar, o ajuste fiscal necessário não deve se resumir a cortar programas sociais, como bolsas ou benefícios para famílias vulneráveis, porém esses auxílios precisam ser destinados aos que realmente necessitam, além disso precisam se tornar políticas emancipatórias e não serem eternizadas, como ocorre atualmente.

De fato, muitos economistas — sem se alinhar estritamente à direita ou à esquerda — defendem um rumo diferente: revisar privilégios institucionais, como salários do judiciário, pensões para familiares de magistrados e conselheiros de tribunais de contas e outros benefícios corporativos. Esses cortes teriam menor impacto sobre a população mais pobre, mas poderiam liberar recursos significativos para reduzir a dívida ou financiar políticas de crescimento produtivo.

De acordo com levantamento publicado no Jornal Gazeta do Povo, em 2024, o STF custou mais que o orçamento para manter 7 ministérios do atual governo (Igualdade Racial, Mulheres, Turismo, Pesca e Aquicultura, Direitos Humanos e Cidadania e Esporte) e é superior a cerca de um terço dos orçamentos dos municípios brasileiros. Além dos salários, cada ministro recebe vários auxílios (moradia, alimentação, transporte, segurança. diárias, passagens…).

Também é preciso reforçar o investimento em infraestrutura, educação empreendedora e inovação como alavancas de crescimento sustentável. Só dependendo de programas assistenciais “populistas”, o Estado corre o risco de se tornar apenas pagador de juros, em vez de fomentador real de desenvolvimento.

3. Economia Política: A Verdade Sobre Privilégios e Desigualdades

Em terceiro lugar, a crítica à burocracia e aos privilégios é plenamente justificada. De fato, muitos servidores públicos, especialmente no Judiciário e em tribunais de contas, recebem salários muito elevados e têm pensões generosas para familiares.

Enquanto isso, servidores essenciais (como policiais civis) sofrem cortes ou perdas reais, e muitos estados utilizam recursos públicos para financiar políticas eleitorais e assistencialismo em vez de priorizar eficiência.

Esse tipo de desequilíbrio evidencia a incoerência do discurso oficial: proclama-se justiça social, mas se tolera privilégios elevados para uma minoria poderosa. Esse tipo de “ajuste de elite” seria mais justo, eficiente e politicamente sustentável — porém, é justamente esse que parece faltar no debate.

4. Quem Paga a Conta do Populismo? A Classe Média versus Os Bancos

Em quarto lugar, a conta desse estilo populista recai, de fato, sobre a classe média e os lucros sobre o próprio sistema financeiro:

  • A classe média, por meio de impostos, vê seus recursos drenados para sustentar programas assistenciais de curto prazo, enquanto o Estado não investe para gerar crescimento de longo prazo.
  • Já os bancos e investidores financeiros lucram com juros elevados, emitidos pelo Tesouro. Quanto mais cara a dívida, mais os credores ganham. Economistas entrevistados argumentam que “a dívida cara é culpa do governo, e não do BC”.  Evidentemente, uma vez que o BC é “obrigado” a aumentar os juros para conter a inflação provocada por uma política econômica irresponsável.

Isso reforça a ideia de que o populismo fiscal muitas vezes favorece o sistema financeiro – que ganha com os empréstimos ao governo –  mais do que a população mais pobre — uma distorção perversa que precisa ser confrontada.

Se o governo emite muita dívida cara e alto juro, os bancos ou investidores que compram esses títulos se beneficiam desse “prêmio de risco” pago pelo governo.

5. Economistas Independentes e seu Plano de Ajuste Realista

Aqui é onde entram os economistas independentes — aqueles que não se posicionam claramente à direita ou à esquerda ideológica, mas que advogam por um ajuste sustentável e responsável.

5.1. Mansueto Almeida

Primeiramente, Mansueto Almeida, ex-secretário do Tesouro e economista-chefe do BTG Pactual, alerta para a gravidade da situação fiscal. Em debates recentes, ele afirmou que “a questão fiscal do Brasil é grave” e que a expansão da dívida pública exige medidas mais amplas.

Segundo ele, sem um ajuste mais profundo, a dívida continuará crescendo, pressionando os juros e comprometendo o crescimento. Ele defende:

  • restabelecer limite de gastos (“spending cap”), que poderia trazer disciplina orçamentária;
  • reorientar os recursos para políticas produtivas e investir na eficiência do Estado.

5.2. Itau e Mario Mesquita

Em segundo lugar, Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú, também tem argumentado a favor da reimplantação de um teto de gastos rígido. Segundo ele, esse regime de contenção (vigente entre 2017 e 2022) permitiu que taxas de juros nominais e reais ficassem mais “civilizadas” e alinhadas com padrões globais.

Para Mesquita, sem esse tipo de âncora fiscal, os juros continuarão altos e a trajetória da dívida será insustentável. Ele preconiza um ajuste estruturado, que priorize a disciplina orçamentária antes de qualquer expansão populista.

5.3. Leonardo Porto (Citi Brasil)

Adicionalmente, como afirma o economista-chefe do Citi Brasil, Leonardo Porto, a única forma de reverter a vulnerabilidade fiscal do país é por meio de um ajuste ambicioso e realista. Segundo ele, “se nada for feito, a política fiscal é completamente insustentável no tempo”.

Porto defende:

  • uma combinação de cortes estruturais + contenção de despesa obrigatória;
  • foco em políticas que limitem o crescimento desenfreado de gastos obrigatórios, sobretudo os judiciais e os vinculados a decisões judiciais (como precatórios);
  • uso estratégico de recursos para estimular a economia de forma sustentável, em vez de simplesmente distribuir benefícios.

6. Os Erros do Governo Populista

Logo, é evidente que o governo atual tem cometido graves erros que agravam a crise:

  1. Prioridade Eleitoral sobre Sustentabilidade: O Executivo tem privilegiado políticas que garantem popularidade (bolsas, subsídios), mas sem fortalecer a base fiscal para sustentar esses programas no longo prazo.
  2. Desvalorização da Disciplina Orçamentária: Ao não adotar regras fiscais rígidas (como um teto real de gastos), o governo perde credibilidade perante os mercados.
  3. Fomento à Dívida Vicariante: A manutenção de títulos de curto prazo vinculados à Selic revela uma estratégia arriscada: rolar dívida barata no curto prazo, mas pagar caro se os juros subirem — e eles têm subido.
  4. Proteção de Privilégios Corporativos: Salários altos no Judiciário, pensões para familiares de ministros e outras mordomias institucionalizadas são ignoradas ou pouco atacadas, enquanto os pobres são tratados como “beneficiários eleitorais”.
  5. Ilusão de Crescimento: A “retórica do crescimento social” não é devidamente respaldada por investimento produtivo. Sem infraestrutura, educação e inovação fortes, o crescimento tende a ser frágil e dependente de estímulos temporários.
  6. Falta de Credibilidade: A ausência de um plano fiscal sério, combinada com elevada dívida sensível à Selic, mina a confiança dos investidores e obriga o Estado a pagar juros altíssimos para se financiar — beneficiando os credores em vez da população.

7. Um Plano Concreto para Sair do Buraco

Felizmente, os economistas independentes apontam caminhos claros para um ajuste coerente e eficaz:

  • Reimplantar disciplina orçamentária: Retomar ou reinventar um regime de controle de gastos que limite o crescimento real das despesas obrigatórias.
  • Revisar privilégios institucionais: Cortar salários e pensões abusivas, especialmente na máquina judiciária e em outros órgãos poderosos.
  • Modificar a estrutura da dívida: Emitir mais títulos de longo prazo e reduzir a dependência de papéis pós-fixados vinculados à Selic.
  • Reinvestir em crescimento produtivo: Destinar recursos para educação, inovação, infraestrutura e empreendedorismo para gerar crescimento sustentável.
  • Garantir credibilidade fiscal: Transparência nas contas, metas claras e comunicação confiável para o mercado e para a sociedade.
  • Avaliar e reformar políticas sociais: Tornar os programas de transferência mais eficientes, garantindo que atinjam quem realmente precisa, sem desperdício ou dependência perpétua.

Conclusão

Portanto, não é gratuito dizer que o Brasil está quebrando — ou, pelo menos, está se colocando em uma trajetória altamente perigosa. O populismo fiscal vigente favorece voto, beneficia bancos e sobrecarrega a classe média, ao mesmo tempo em que adia o ajuste necessário para pagar a verdadeira conta: a dívida pública.

Em contrapartida, economistas independentes oferecem um diagnóstico realista e pouco ideológico, pedindo um ajuste profundo, responsável e sustentável. Eles defendem menos discursos bonitos e mais ação concreta, menos concessões eleitoreiras e mais disciplina estrutural.

Se o Brasil quiser evitar uma crise talvez ainda maior, não pode continuar adiando esse ajuste. A pergunta, finalmente, é: quem está pagando a conta? E por quanto tempo vamos fingir que não podemos reescrever as regras para um futuro mais sólido?

 

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