O Mito da Felicidade atrelada ao Sucesso: Reflexões sobre a Teoria de Dan Gilbert

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O mito da felicidade atrelada ao sucesso

Freqüentemente, o ser humano enfrenta a realização dos sonhos como o passaporte necessário para alcançar a felicidade. Pensamos que uma carreira brilhante, um corpo esculpido, um relacionamento ideal ou mesmo a conquista de filhos seriam os alicerces da tão almejada felicidade.

No entanto, ao abordar esse tema, Dan Gilbert, psicólogo e pesquisador de Harvard, desafia essa visão ao afirmar que a felicidade genuína independe da realização de metas externas.

Em suas pesquisas, ele demonstrou que o ser humano possui um “sistema imunológico psicológico” capaz de gerar satisfação mesmo quando os resultados não são os esperados. Em outras palavras, a felicidade é, antes de tudo, uma decisão, não uma consequência.

A ciência da felicidade: o papel das expectativas

Primeiramente, é necessário entender como nosso cérebro lida com expectativas. Gilbert argumenta que, ao condicionar a felicidade à realização de sonhos ou metas, criamos um ciclo de insatisfação permanente.

Em um estudo pioneiro, ele relatou que, surpreendentemente, tantas pessoas que ganham na loteria quanto aquelas que passam por traumas graves como a perda de mobilidade, voltam, após algum tempo, ao nível de felicidade que possuíam antes dos eventos.

Essa “adaptabilidade emocional” prova que nossa mente possui um sistema independente de ajuste, que redefine ou que consideramos felicidade, independentemente de conquistas externas. Portanto, buscar sonhos é positivo, mas depender deles para ser feliz é ilusório.

A armadilha da genialidade: uma desculpa para a inércia

Além disso, há uma crença comum de que a realização pessoal e profissional é uma prerrogativa dos “geniais”. Quem não se vê como um prodígio tende a acreditar que o sucesso não lhe pertence.

Gilbert aponta que, ao considerar a genialidade como seletiva para se lançar em projetos ambiciosos, o indivíduo se sabota. Estudos em psicologia positiva revelam que o sucesso depende mais de persistência e resiliência do que de inteligência ou talentos extraordinários.

Esse “medo da mediocridade” é, na verdade, um dos maiores empecilhos para a realização pessoal, pois faz com que o indivíduo desista antes mesmo de tentar.

O medo como obstáculo: a autossabotagem constante

Entretanto, talvez o maior inimigo da felicidade seja o medo.

Pois, o medo de falhar, segundo Gilbert, é uma emoção que nos protege de riscos, mas que também pode nos paralisar.

Isso porque muitas vezes, ajustamos nossos sonhos ao que julgamos ser alcançados, conformando-nos com um ideal mais limitado do que realmente desejamos.

Esse “redimensionamento” é uma forma de autossabotagem, em que o medo mascara o verdadeiro potencial do indivíduo. Gilbert sugere que, ao assumir o medo como parte natural do processo, transformamos essa energia em motivação.

Além disso, a liberdade surge quando abraçamos a verdadeira possibilidade de fracasso, permitindo-nos vivenciar o desconhecido sem medo do resultado.

A busca por significado: além do sucesso financeiro

Surpreendentemente, os estudos indicam que felicidade e riqueza têm uma relação limitada.

Afinal, a realização pessoal não é, necessariamente, consequência de conquistas financeiras, como demonstrada por figuras como Madre Teresa, Gandhi e São Francisco de Assis, cujas vidas dedicadas a causas maiores trouxeram um senso profundo de felicidade e propósito.

Neste sentido, Gilbert reforça a ideia de que a felicidade decorre, muitas vezes, de projetos que transcendem o benefício próprio. Sentir-se parte de algo maior — seja ajudando o próximo, seja promovendo mudanças sociais — proporciona uma sensação de conexão que o dinheiro algum pode oferecer.

Quando a paixão é reprimida: o dilema do dom inexplorado

Ironicamente, muitos sabem que possuem habilidades profissionais em determinada área, mas acabam por abandoná-los em prol de uma estabilidade ilusória.

Essa é uma das batalhas mais difíceis que o ser humano trava: entre o medo da insegurança e a paixão pelo desconhecido. Gilbert defende que, ao sufocar a paixão, estamos sabotando a nossa própria felicidade.

Além disso, pesquisas sobre motivação interna mostram que a realização plena acontece quando um indivíduo se dedica ao que realmente ama, mesmo que isso implique um percurso árduo e incerto. A felicidade, então, deixa de ser uma meta para tornar-se um subproduto dessa jornada de autodescoberta e dedicação.

A ilusão das justificativas externas: família, país e contexto

Frequentemente, culpamos fatores externos — família, sociedade, falta de sorte — pela nossa incapacidade de perseguir nossos sonhos.

No entanto, Gilbert afirma que somos os principais responsáveis ​​pelas nossas escolhas e que colocar a culpa em factores alheios é uma forma de fuga.

Aliás, na psicologia, esse comportamento é conhecido como locus de controle externo, em que o indivíduo atribui a responsabilidade de sua felicidade a agentes exteriores. O primeiro passo para uma vida mais plena é considerar que a felicidade é uma construção pessoal, independentemente das situações ou do meio.

A “ecologia” dos sonhos: a importância de sonhar com responsabilidade

Todavia, é importante lembrar que nossos sonhos e ambições não devem causar danos aos outros.

Assim, Gilbert enfatiza a importância de buscar um equilíbrio entre a realização pessoal e o respeito ao espaço alheio.

Na psicologia, essa ideia é conhecida como “ecologia dos desejos”, onde o indivíduo reflete sobre os impactos de suas ações no ambiente e nas pessoas ao seu redor. Sonhar é essencial, mas também é fundamental que esse sonho seja sustentável e ético, respeitando as necessidades e limites da sociedade.

Felicidade como decisão e prática cotidiana

Em suma, as teorias de Dan Gilbert revelam que a felicidade é um estado de espírito que não pode depender de conquistas externas.

Pois, ela está profundamente ligada à forma como interpretamos e reagimos aos acontecimentos da vida, muito mais do que às realizações propriamente ditas.

Portanto, cada escolha que fazemos na busca de nossos sonhos deve ser fundamentada em uma compreensão clara de que a felicidade é algo que cultivamos internamente.

Em outras palavras, ao invés de aguardar que sonhos se realizem para sermos felizes, Gilbert nos ensina que devemos decidir, aqui e agora, que seremos felizes, aceitando a incerteza e abraçando cada experiência como parte de nossa jornada.

 

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