Referência no Jiu-Jitsu, Grão Mestre Armando Wriedt morre aos 94 anos.

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O dojô está sem o seu Mestre. Armando Wriedt, ou Mestre Armando, como era conhecido, acaba de falecer, levando consigo a experiência de quem viveu o Jiu-Jitsu, e dele tirou seu sustento.

Pessoa de gestos nobres, gentilezas e afabilidade, Wriedt era o exemplo íntegro da sua própria definição de um jiu-jitsuka, “o jiu-jitsuka é antes de tudo um gentleman. Até repele a agressividade com lhaneza”.

 

Na última vez que conversamos, na oportunidade de sua ida ao Programa Alta Performance, sua movimentação mais lenta e cuidadosa e sua longa barba, lhe conferiam um aspecto mais enigmático. À minha fala de que ele parecia um ermitão, respondeu com seu peculiar bom humor e galhardia, “Sim. E vivo lá no meu eremitério isolado. Na verdade, o ideal é ter uma simbiose com o mundo que vivemos. Mas, a medida que vamos ficando mais velhos, sentimos dificuldade de dialogar com os jovens.”

 E completou ainda, “Temos poucos amigos. Porque aquele amigo que priva da sua vida, são poucos. É esse que você deve escolher. E aí, acabamos ficando um pouco egoístas.”

Com relação ao seu modo de vida, o Grande Mestre Armando respondeu “Eu não sou ainda um velhinho solitário porque sou solidário. Nas quartas e nos sábados, eu recebo amigos para falar sobre Jiu-Jitsu”. E com sua peculiar modéstia, destacou “e já que sou mais experiente que eles, passo alguma experiência a eles. E isso é muito gratificante para mim, e me deixa muito feliz, por que eu não esqueço o Jiu-Jitsu.”

 

No início da década de 90, quando conheci o Mestre Armando na Academia de Tênis, onde eu ministrava aulas de karate, ele me convidou para darmos aulas juntos. Caberia a mim, ensinar técnicas de karate. Até hoje, lamento não ter aceito esse projeto porque a mim alegrava a ideia de desfrutar mais do convívio desse sábio e querido homem.

De acordo com ele, o Jiu-Jitsu é a ciência do equilíbrio e da realidade. E o jiu-jitsuka deve procurar viver essa vida, do equilíbrio e da realidade.

No seu dojô, Armando seguia a metodologia que aprendera do seu professor Hélio Gracie, por isso, era ele próprio quem mostrava os movimentos ao aluno. Ele ensinava que o professor não treinava com o aluno, e sim, treinava o aluno. O que sem dúvida alguma é muito diferente.

A ênfase era no Jiu-jitsu como luta de defesa e ataque, aproveitando sempre a força do adversário. Asseverando que o jiu-jitsuka deixa sempre o adversário fazer o que quer, mas não como quer.

 

Armando Wriedt era filho de marceneiro e com ele aprendeu esse ofício. Praticante de basquete e vôlei, e apaixonado pelo futebol, conta que foi em um jogo de basquete que conheceu Hélio Gracie. Nessa oportunidade, Hélio pediu a ele para ajuda-lo a exercitar seus cavalos. Era exatamente depois desses passeios à cavalo, em uma lona estendida sobre a grama, na casa do Hélio, em Teresópolis, que aconteciam os treinos de jiu-jitsu. Nesses momentos, a convite do Mestre Gracie, iniciou seus treinos de jiu-jitsu.

Sua afabilidade com os demais alunos, chamou a atenção do Mestre Hélio Gracie que lhe disse: Armando, você parece que é um jiu-jitsuka nato.

 

Com o tempo, Hélio Gracie o convidou para ser professor na sua academia por causa de sua habilidade técnica e seu espírito manso. Em relação a esse começo da sua carreira, Armando diz: “eu não escolhi o jiu-jitsu. O jiu-jitsu me escolheu”. Com o tempo, sua escolha foi por uma vida exclusiva no Jiu-jitsu.

Depois de visitar a recém inaugurada academia de Hélio Gracie, em 1952, Armando deu sua marcenaria de presente a outrem, e passou a se preparar para lecionar a arte suave. Foi só depois de um ano, que concordou com o Hélio em receber os primeiros alunos.

Nesse período, começou a viver o jiu-jitsu. Aliás, essa era a orientação do próprio Mestre Hélio, “se você quer ser um jiu-jitsuka você tem que comer, beber, dormir, respirar jiu-jitsu”.

Assim, Armando fez e, por 10 anos, viveu na academia do Hélio, inclusive seguindo a dieta alimentar Gracie. Fazia parte das instruções do Mestre Carlos Gracie, fazer jejum completo uma vez por mês para limpar o organismo, evitando cheiros fétidos no corpo.

 

Mestre Armando fala desse período destacando a organização da academia, que lavava os quimonos que os alunos usavam e lhes entregavam antes dos treinos, muito bem passados e limpos, serviço que era executado pela lavanderia própria da família, a maior de Teresópolis. Ressalta que entre os alunos estavam o presidente da república João Figueiredo, o dono da Rede globo Roberto Marinho, o político Carlos Lacerda e vários outros integrantes da elite.

Na sabedoria dos seus quase 95 anos, Mestre Armando Wriedt dizia docendo discimus, aprendemos, ensinando. E orientava: Todos temos que lutar pela sobrevivência, então a luta não é só no tatame, mas fora também. E para essa, precisamos nos preparar. Assim, é preciso ter uma boa escola. Então, escolha sua academia. Não adianta escolher qualquer uma. Tem que ser aquela academia que vai lhe proporcionar esse aprendizado e essa tranquilidade de vida.

 Felizes aqueles que desfrutaram da presença do mestre no dojô e absorveram e apreenderam seus ensinamentos de jiu-jitsu e de vida.

Vai com Deus, meu amigo e mestre.

Nos veremos no final dessa caminhada, em um dojô nos céus.

 

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